Introdução
Lembramos Kardec e sua importante lembrança para que entendamos o significado das coisas no Evangelho, para que nossa palavra não redunde em simples repetições, mas, esteja colimada com uma mente que sabe o que diz. A harmonia entre a mente e o verbo são apoios para que as mãos possam, por sua vez, exercer seu papel com coerência.
Diversas citações a conceitos morais estão presentes ao longo do Evangelho segundo o Espiritismo. A ideia da resignação é repetida 63 vezes, a humildade referenciada 121 vezes, a atitude de devotamento é comentada por 25 vezes, a virtude da abnegação está presente em 20 ocorrências, indulgência 55 vezes, o orgulho tem a maior relevância com 155 citações, já o egoísmo repete-se 93 vezes, a benevolência é encontrada 33 vezes, a beneficência é comentada em 77 ocasiões e as imperfeições são comentadas em 53 situações.
 
Conceitos morais no Espiritismo

Resignação

É a virtude que sabe aceitar, sem reclamar. Não deve ser confundida com apatia ou falta de vontade. Seu grande valor reside na aceitação. É filha da humildade que sabe reconhecer que há coisas que não pode mudar, embora também reconheça seu direito de trabalhar para melhorar sua situação o quanto possível, dentro de suas capacidades.
 

Humildade

Humildade é a capacidade de a criatura reconhecer quem é em suas capacidades e limitações. Nem mais, nem menos. E como consequência dessa capacidade, ter a consciência da necessidade de melhorar constantemente a si mesmo. Se alguém busca mostrar capacidades e qualidades que não tem, desmascara seu orgulho. Quando foge às responsabilidades que tem, sendo capaz de cumpri-las, mostra-se a falsa modéstia. Este conceito é abordado no livro Bem-aventurados Sois: a felicidade segundo o Espiritismo.
 

Devotamento

O devotamento é a dedicação a alguém, ou a alguma coisa. Utilizando uma observação deixada por Kardec (Apóstolos do Espiritismo na Espanha. Revista Espírita, fevereiro de 1869), adicionaremos que o verdadeiro devotamento consiste em tirar o melhor proveito da posição que ocupamos, pondo-se a serviço do outro. Sendo útil e agindo com discernimento, doar as forças físicas e morais que a Providência concedeu a cada um.
 

Abnegação

A abnegação é o mais alto grau de devotamento, pois ao dedicar-se a alguém, a uma causa, abre mão completa de seu próprio interesse e de qualquer sentimento de personalismo, ou satisfação pessoal.
 

Indulgência

É desculpar o outro por suas imperfeições. A indulgência não vê os defeitos porque não os está procurando. Ocupa-se antes em acentuar o que há de bom. Procura abrandá-los, se são evidentes. É um atributo de um coração misericordioso e, por isso mesmo, uma das manifestações da santa caridade. É filha da consciência das próprias imperfeições que podem ser mais graves que aquela que se quer criticar, por esta razão cala-se para não exaltá-la, visto que as compreende.
 

Orgulho

É a tentativa de parecer acima da posição evolutiva que realmente se encontra. Isto pode se dá pela exaltação das capacidades pessoais (beleza, inteligência, força, riqueza, autoconfiança etc.) ou mesmo diminuindo os demais para tentar sobressair-se. É, no fundo, uma declaração de insegurança e de conflitos pessoais existentes no coração de quem não está em paz consigo mesmo, por não se aceitar como o é.
 

Egoísmo

Sentimento natural que tem origem no instinto de conservação. Porém, exagerado torna-se exaltação do interesse particular, em detrimento do outro. Deste modo, é todo sentimento, que culmina em uma ação, pensamento, opinião ou atitude, que elimina a fraternidade e a caridade pela priorização do indivíduo em todas as coisas.
 

Benevolência e Beneficência

São as duas práticas da caridade. A benevolência é toda ação de bondade para alguém sem que uma doação material. A beneficência é a caridade que auxilia materialmente, em todas as formas possíveis: na doação, no financiamento de um estudo, na cesta básica, na caixa de leite etc. Mas, como é lei divina, a caridade não estaria restrita aos que possuem bens para dividir. Pois, assim muitos estariam livres deste dever moral. Por isso, é possível fazer a caridade do sorriso, do abraço, do elogio sincero, da alegria, da palavra consoladora, da frase de encorajamento, do ouvido que compreende, doando o tempo da amizade.
 

Imperfeições

São os defeitos morais conhecidos de nosso patamar como por exemplo: ciúme, inveja, ódio, indiferença, violência, egoísmo etc. Todas as características que voltam o indivíduo para si próprio, em detrimento do outro. Cada uma delas, uma vez que é sempre contrária a lei de caridade de humildade, gera uma parcela de aflição. A medida que o Espírito ascende, deixa um pouco delas para trás, experimentando no mesmo sentido paz e felicidade, que culminarão naquelas reservadas aos puros espíritos, onde estas características não existem mais, uma vez que foram transformadas todas em amor.
 
Concluindo
Embora na origem francesa do texto não encontremos tanta dificuldade para transmitir a ideia em português, nem sempre o sentido de certas ideias conseguimos captar para fazermos uso e aproveitarmos melhor a leitura e os estudos.
Agradecemos a leitura, alma amiga, e pedimos que se você tiver algo para acrescentar ou uma correção a informar entre em contato com a gente por e-mail que ficarei feliz em responder e melhorar nosso conteúdo.

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