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Cap. 10 - Bem-aventurados os que são misericordiosos

Acompanhe o estudo do evangelho segundo o Espiritismo através de um roteiro sistematizado de perguntas e respostas para cada item do capítulo.
Cap. 10 - Bem-aventurados os que são misericordiosos
Por Gilton Carlos 23/05/2024

Item 1. Bem-aventurados os que são misericordiosos...
Pergunta: Em que consiste o fato de só recebermos misericórdia se também a darmos aos outros, será que a bondade de Deus negocia com seus filhos?

Resposta: Esta afirmação deve ser entendida dentro do plano pedagógico para aprendizado do amor. O benefício de receber a compreensão por seus erros (misericórdia) só pode ser bem valorizada quando entendemos o benefício que isto tem para os outros. A ordem proposta, isto é, dar primeiro para então receber, é também exercício de confiança em Deus, parte essencial do aprendizado do Espírito. Ao receber na medida que doa fica estabelecido um meio de fixação da lição de amor ao próximo que vai aumentando e se enraizando no comportamento do Espírito, confiando cada vez mais em Deus e amando cada vez mais o próximo.

Item 2. Se perdoardes aos homens as faltas...
Pergunta: Como entender esta afirmação, além da simples troca dar/receber?

Resposta: Para Deus importa que seus filhos aprendam a amar. Uma vez que isto é alcançado, no processo de educação espiritual, os erros e suas consequências perdem sua utilidade, visto terem a função de fazer despertar o Espírito para o bem e sua prática. Este aprendizado fica evidenciado quando ele passa a oferecer o amor a todos, em especial aos que o ofenderam, isto é, perdoando-os. A origem do perdão recebido por suas próprias, portanto, está no bem que já guarda no coração. É onde nasce a misericórdia.

Item 3. Se contra vós pecou vosso irmão...
Pergunta: Como entender esta lição de Jesus, uma vez que não é possível impor a concórdia, se o adversário não quiser se reconciliar ou reconhecer que errou?

Resposta: Com esta resposta Jesus nos faz ver que o problema se refere a nós próprios e não ao outro, além de mostrar que nosso dever de amor não tem limite. Uma vez que o coloca como maior mandamento da constituição divina, repete aqui que sempre deveremos buscá-lo. Neste caso em particular coloca o dever em nós mesmos e em sua maior forma de expressão: combina o amor ao inimigo junto com a sacrifício do orgulho e do egoísmo. Quando Pedro pergunta até quando deveremos agir assim, ele replica: sempre! Importa observarmos que em nenhum momento falou das condições impostas pelos outros, nem aceitação deles, nem compreensão, nem mesmo se concordam. Isto nos mostra que uma vez que iniciemos de nosso lado a prática do bem, estaremos em paz, amparados pela lei de justiça e amor, que dá sempre de acordo com o que foi recebido, ao mesmo tempo respeitando o livre arbítrio de cada um.

Item 4. A misericórdia é o complemento da brandura...
Pergunta: Que significa esquecer as ofensas, será mesmo possível?

Resposta: Esta recomendação é muitas vezes entendida de outra maneira, como no sentido de apagar das lembranças atos praticados contra nós. Devemos pensar aqui literalmente. O que deve ser esquecido, isto é, deixado para trás é a ofensa sentida, a mágoa guardada, todos os ressentimentos. Isso é possível e bem diferente de apagar a memória. Os sentimentos nascem da forma como interpretamos as emoções sentidas naquela experiência. Depende de nosso comportamento fazê-la perdurar ou impedir que se perpetue. A ofensa pode deixar de existir no coração antes magoado, mesmo que a lembrança do ato sofrido ainda esteja lá. No entanto, neste caso, ele não terá mais a força para ferir. Então, um coração, agora livre da ofensa, dará lugar à misericórdia pelo seu agressor.

Item 5. Reconciliai-vos o mais depressa possível...
Pergunta: Do pono de vista espiritual, como podemos entender no tribunal divino, o juiz, o ministro da justiça e a prisão?

Resposta: Parábola belíssima para explicar o processo de purificação espiritual através da reencarnação. O juiz pode ser entendido como a própria lei de justiça que dá a cada um de acordo com seus atos. O ministro da justiça são os Espíritos encarregados de auxiliar no planejamento reencarnatório e a prisão é o próprio corpo físico. Daí, mais uma vez, Jesus indica que a vida material, isto é, na reencarnação, é necessária para evolução do Espírito.

Item 6. Na prática do perdão, como...
Pergunta: Há relação entre a falta de misericórdia e a obsessão?

Resposta: A maioria dos casos de obsessão que a teoria e a experiência mostram nasceram de desavenças que progrediram ao ódio pela falta de perdão, tanto de um lado, quanto do outro. Assim, um coração endurecido pelo orgulho e egoísmo, isto é, no qual a misericórdia não se abriga, poderá sustentar animosidades que, se não forem tratada pela terapêutica do perdão das ofensas, continuarão a existir mesmo após o desencarne do inimigo. Este, encontrando-se, então, livre do corpo pode dar execução as suas vinganças para atingir os desafetos, tanto quanto seus entes queridos. Concluímos assim a importância de procurarmos cessar estes baixos sentimentos, conforme já ensinava Jesus.

Item 7. Se, portanto, quando fordes depor vossa...
Pergunta: Tendo em mente os valores espirituais, por que Jesus não combate a prática material da oferta e sacrifícios no templo?

Resposta: Os ensinos de Jesus mostram-se alinhados com o respeito ao ponto evolutivo de cada um. A todos que ensinava apoiava-se no conhecimento que o ouvinte possuía e a partir daí acrescentava sua lição. Neste episódio acontece também assim. A recomendação que dá é um esclarecimento acerca do que é realmente ofertar algo a Deus. Ensinou que o coração com ressentimentos e ódios não tem conexão com o Criador. Com isso, o aprendiz poderia aprimorar sua relação com Deus, espiritualizando-a cada vez mais até chegar ao ponto de perceber que os meios materiais cumpriram seu papel no aprendizado de sua relação com Deus, deixando-os então, por si mesmo. Jesus dá as ferramentas, através do ensino, para que a pessoa sublime sua relação religiosa e perceba que caminho seguir ou que decisão tomar. Ele não fere o livre arbítrio.

Item 8. Quando diz: "ides reconciliar-vos...
Pergunta: O que pode ser entendido por "espiritualizar o sacrifício"?

Resposta: Ao tempo de Jesus, os sacrifícios materiais eram prática corrente. No entanto, resumia-se basicamente ao ato em si, sem que a condição do Espírito fosse objeto de preocupação principal. Quando disse que é preciso perdoar, abrir mão dos maus sentimentos para com os irmãos ao oferecer algo a Deus, tirou toda a importância do objeto material e colocou-a no Espírito. A partir de então, não seria mais o o sacrifício material, mas o sacrifício moral ou espiritual. Um espírito que, ao pensar em Deus, alija de si o orgulho e o egoísmo está fazendo um sacrifício todo espiritual, ou espiritualizando sua oferta a Deus.

Item 9. Como é que vedes um argueiro...
Pergunta: Que lições podemos extrair destas palavras de Jesus?

Resposta: Nossa visão da realidade é limitada pela nossa inferioridade. Embora tenhamos a justa vontade de ajudar orientando, esclarecendo, auxiliando os outros, é preciso que tenhamos uma percepção mais clara da vida para fazê-lo com segurança. Nosso olhar das situações é sempre mais ou menos turvada pelo nosso orgulho e egoísmo. Estes são os grandes bloqueios, citado por Jesus como uma trave, que nos impedem de compreender os fatos. A medida, porém, que trabalharmos estas imperfeições em nós poderemos ver mais claramente as causas das dores, as razões de certos conflitos, a origem de enfermidades, por exemplo, poderemos ser eficazes no auxílio prestado em nome do amor. Por enquanto, Jesus admoesta-nos para o cuidado de oferecer uma caridade aos outros que se baseia nas traves do orgulho e do egoísmo presente em nossos olhos!

Item 10. Uma das insensatezes da humanidade...
Pergunta: Que meio pode ser usado para o trabalho de remoção da trave que bloqueia nossa visão?

Resposta: Começaremos repetindo a resposta de Santo Agostinho, na questão 919 de O livro dos espíritos, isto é, pelo autoconhecimento. Uma vez que, por este caminho é que podemos avaliar (julgar) nossa verdadeira posição moral e ter a consciência para, nas palavras de Jesus, "retirar a trave primeiro do nosso olho". É pela consciência de si mesmo que conseguimos avaliar se nossos conselhos estão assentados na caridade cristã ou no egoísmo pessoal, na humildade crística ou no próprio orgulho. Caminhar autoconhecimento à dentro nos permitirá perceber o nível de orgulho e egoísmo em nós e, então, podermos trabalhar em nosso próprio melhoramento moral.

Item 11. Não julgueis, a fim de não serdes...
Pergunta: Qual principal lição Jesus oferece nesta passagem?

Resposta: Neste trecho ele mostra que a lei divina dá de retorno de acordo com o que oferecemos. A lição essencial colocada fala da misericórdia que pode ser traduzida nas relações pessoais como indulgência, paciência, compreensão, perdão das ofensas. Qualquer ação fora destes limites gera, por força de lei, um efeito de dor. O Cristo, assim, nos ensina a agir com misericórdia para que possamos recolher a indulgência em nossas faltas e o perdão por nossos erros e, assim, sofrermos menos.

Item 12. Então, os escribas e os fariseus...
Pergunta: O que podemos dizer dos motivos da condenação preparada pelo povo à mulher levada até Jesus?

Resposta: A despeito das leis cívico-religiosas que norteavam o povo judeu, é notável que após a atitude amorosa e equilibrada de Jesus a ferrenha importância de aplicação da lei de Moisés tenha se arrefecido. Isto indica que havia mais preocupação em atender a sanha de violência e condenação que propriamente respeito ao legislador. Generalizando a questão, podemos dizer que é a ausência do sentimento de misericórdia que leva à violência, condenações e excessos de todo tipo, projetando a atenção nos erros alheios, escondendo os próprios. Jesus fez a multidão desviar o olhar da mulher e olhar para dentro de si. Encarando a lista dos próprios erros, os acusadores não puderam prosseguir, freados pela culpa e a consciência das próprias imperfeições.