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Cap. 4 - Ninguém poderá ver o reino de Deus senão nascer de novo

Acompanhe o estudo do evangelho segundo o Espiritismo através de um roteiro sistematizado de perguntas e respostas para cada item do capítulo.
Cap. 4 - Ninguém poderá ver o reino de Deus senão nascer de novo
Por Gilton Carlos 23/05/2024

Item 1. Jesus, tendo vindo às cercanias...
Pergunta: Por que as pessoas, segundo repetiram os discípulos, responderam que Jesus poderia ser um dos profetas antigos, como Jeremias, João Batista etc.?

Resposta: Este comentário só tem sentido se o povo judeu tivesse o entendimento de que é possível aquele que já viveu na terra voltar à vida. Este conceito da volta à vida na terra é a semente da ideia reencarnacionista, já plantada neste povo.

Item 2. Nesse ínterim, Herodes...
Pergunta: Por que o rei Herodes preocupa-se tanto com os comentários que ouvira sobre os feitos de Jesus, os quais diziam ser ele antigos profetas ressuscitados.

Resposta: Suas preocupações e a reação só tem razão ante os comentários se estes são de elevada proporção, do contrário não teria dado importância a tal assunto. Isto mostra que a ideia da volta à vida era uma crença corrente na mentalidade do povo.

Item 3. Seus discípulos, então, o interrogam...
Pergunta: O que podemos retirar da explicação de Jesus a cerca da volta de Elias e da ideia de retorno a vida.

Resposta: Primeiramente, que a volta à vida material é uma lei divina, confirmando a crença judaica. Depois, afirmando que Elias não foi reconhecido, implica dizer que a aparência, isto é, o corpo não tem semelhança, ou relação, com o anterior. Aí está uma diferença básica entre o conceito da ressurreição e da reencarnação.

Item 4. A reencarnação fazia parte...
Pergunta: Como se pode entender esta afirmação "a reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição"?

Resposta: Os comentários feitos pelos judeus, ao tempo de Jesus, demonstram que a ideia de volta a vida era comum e parte de suas crenças. No entanto, cria-se que a alma voltava no mesmo corpo, sem entender como isso poderia se dar. Importa anotarmos que, para efeitos de aprendizado, naquele momento, fixar a ideia de reviver na terra era mais importante que os detalhes de como o fenômeno acontecia. Os esclarecimentos deveriam vir posteriormente, como foi feito pelo Espiritismo.

Item 5. Ora, entre os fariseus havia...
Pergunta: Sendo a crença da volta à vida um conceito presente no conhecimento judeu, podemos inferir que Nicodemos entendeu se tratar de fato de um renascimento físico?

Resposta: Sim. Quando faz a pergunta "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?" mostra que entendeu do que Jesus estava falando. Não se tratava de renascimento moral, conversão ao judaísmo, mas o próprio renascer. Embora fosse impossível para ele entender os detalhes, Jesus o chama a lembrar que se nós não entendemos como certas coisas se dão, para Deus tudo é fácil e possível.

Item 6. A ideia de que João Batista...
Pergunta: Por que Jesus não corrige ou combate a ideia de volta à vida na terra quando houve inúmeros comentários a esse respeito?

Resposta: Agindo assim, ele sanciona a ideia. Naturalmente, espera-se que, como mestre, ensine, corrija, oriente os pensamentos e opiniões de quantos estão com ele. Neste caso, como não combate é porque concorda, fazendo dela, portanto, uma lei.

Item 7. Estas palavras: se um homem...
Pergunta: O que devemos entender da expressão "nascer da água e do Espírito"?

Resposta: O meio para alcançar o estado pleno, no reino dos céus, passa por dois caminhos. Isto é, o aperfeiçoamento do espírito se dá pelo renascimento na terra, simbolizado pela água, visando sua transformação moral, figurado na palavra Espírito.

Item 8. Para se apanhar o verdadeiro...
Pergunta: Que princípio Jesus ensina quando afirma "o que é nascido da carne é carne e o que é nascido do espírito é espírito"?

Resposta: Como parte dos ensinos sobre o retorno a vida, está mostrando um detalhe fundamental. A carne é independente do Espírito. Isto é, o corpo físico vem por criação dos genitores, mas a alma não é criada por eles. Esta distinção, embora simples, é de grande relevância tendo em vista a ideia corrente de que a alma era criada no momento do nascimento.

Item 9. O espírito sopra onde quer...
Pergunta: Como esta frase "o Espírito sopra onde quer ouves-lhe a voz, mas não sabes nem donde ele vem, nem para onde vai" pode guardar lições sobre a pré-existência da alma e da pluralidade das existências?

Resposta: Esta frase era uma expressão idiomática do povo judeu usada para referir-se a um estrangeiro, por exemplo, cuja origem e destino não eram ignorados. Jesus a aproveita para falar que também o Espírito não é conhecido. Isto é, este pode viver em qualquer corpo, em qualquer lugar, a qualquer tempo, e não suspeitamos qual a origem dele. Se não é criado ao nascer, naturalmente, já existia (pré-existência) e mesmo não sendo conhecido, já vivia em outro lugar (pluralidade).

Item 10. Ora, desde o tempo...
Pergunta: Que podemos entender pelas palavras de Jesus "desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado pela violência"?

Resposta: Este trecho tem uma complementação, visto que o assunto abordado é sobre Elias e João Batista. Além da alusão à lei de Moisés, podemos entender também que os enviados de Deus, para o esclarecimento dos seres humanos, não foram bem recebidos, mas maltratados e mortos. Isto, diz ele, acontece até hoje, desde o tempo de João Batista. Mas, como João era seu contemporâneo, não teria sentido falar desde o tempo dele até o presente. Aqui há um belíssimo jogo de palavras. Cruzando as ideias, entrelaça João no tempo de Elias e Elias no tempo de João, para mostrar que são a mesma pessoa.

Item 11. Se o princípio da reencarnação...
Pergunta: Porque após explicar sobre o retorno de Elias como João Batista, Jesus usa esta expressão "Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir"?

Resposta: Em algumas outras passagens esta frase também é usada. Podemos entendê-la que nem todos estariam naquele momento aptos a compreender ou aceitar esta ideia. Mas, ao mesmo tempo, identificá-la como um ato de bondade de Jesus que, embora reconheça a dificuldade de assimilação, deixa a lição e a revelação assim mesmo, para que o futuro pudesse resolver a questão, na consciência particular de cada espírito, auxiliado pelas luzes do Espiritismo.

Item 12. Aqueles do vosso povo...
Pergunta: Qual a ideia central desta passagem do profeta Isaías?

Resposta: O ensino de que o retorno a vida é uma lei de Deus. O profeta Isaías, 700 anos antes, lança como mensageiro de Deus, o conceito de que a morte não é o fim, nem a destruição, mas que a vida continua, tanto na dimensão espiritual como também na matetial. Seu ensino estabelece uma base no entendimento do povo, para que na sequência dos tempos, os detalhes de como isso se dá pudesse ser construído.

Item 13. É também muito explícita...
Pergunta: Não estaria o profeta falando apenas da vida espiritual e não necessariamente do retorno à vida física?

Resposta: Se estivesse referindo-se a situação do espírito, teria usado o termo "ainda vivem". No entanto, ao colocar "viverão de novo" esclarece que está indicando a vida material.

Item 14. Mas, quando o homem...
Pergunta: O que representa o trecho anotado do livro de Jó (ou Job), que é mostrado sob diferentes traduções?

Resposta: A intenção é evidenciar que a ideia fundamental de retorno a vida material é antiga e presente no pensamento judeu, e portanto, também nos tempos de Jesus. As traduções mostram que mesmo em diferentes línguas a ideia passada é a mesma, não caracterizando, portanto, visão particular ou erro de interpretação.

Item 15. Nessas três versões...
Pergunta: A frase de Job "Quando a minha existência estiver acabada, esperarei, porquanto a ela voltarei" denota qual princípio espírita?

Resposta: Um dos fundamentos dos ensinos dos espíritos expresso em O Livro dos Espíritos, na introdução, item VI, parágrafo 16, que diz: “Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante".

Item 16. Não há, pois, duvidar de que...
Pergunta: O que a caridade nos ensina a pensar daqueles que negam, por referências bíblicas, a reencarnação?

Resposta: Pelos pontos apresentados, fica evidente de que a ideia da volta a vida, embora sob o nome de ressurreição, era um ponto fundamental da fé judaica. Os Espíritos deixam a entender que a aceitação não será fruto de argumentos da inteligência, ou de debates entre vaidades, mas ocorrerá pela ação do tempo que transforma todos os preconceitos do coração.

Item 17. A essa autoridade, do ponto...
Pergunta: Como o conceito de reencarnação pode auxiliar na compreensão do Evangelho de Jesus?

Resposta: Somente estes princípios, pluralidade das existências e preexistência da alma, respondem por todo um conjunto de perguntas da filosofia humana. Somente eles harmonizam a justiça e a bondade de Deus. Sem a reencarnação, o problema da maldade no mundo, e que a filosofia e as religiões não puderam satisfazer, continuam sem solução. Ela mostra que todos estamos ligados, fortalecendo os laços de família, como manda a lei de amor.

Item 18. Os laços de família não sofrem...
Pergunta: Como se dá a formação e a continuidade dos laços de família e por que a reencarnação não os desfaz?

Resposta: No sentido espiritual, as famílias são agrupamentos de espíritos que guardam afeição verdadeira entre si, não estando esta vinculada a questões materiais. Desta forma, estando encarnados ou não, mantém os sentimentos mútuos. Se não encarnam juntos, permanecem ligados ainda assim, sendo ajudados por aqueles que ficaram. Em crescendo moralmente, os sentimentos mais depurados tornam a afeição mais forte. É assim que, pouco a pouco, o laços de família vão se constituindo, se fortalecendo e sobrevivendo, ficando cada vez mais forte.

Item 19. A união e a afeição que existem...
Pergunta: Sendo as famílias a reunião de espíritos simpáticos entre si, por que há inúmeros casos de familiares que são completamente diferentes do seus?

Resposta: Está aqui mais uma demonstração da bondade de Deus, que quer que todos os seus filhos progridam. A reencarnação em um meio diferente, se assim podemos dizer, constitui uma oportunidade de aprendizado pelo convívio com outros mais adiantados. Ainda é uma prova para aprendizado dos que estão mais a frente, auxiliando quem anda atrás. Solução única que leva a um duplo bem.

Item 20. O temor de que a parentela...
Pergunta: A reencarnação prova que a família aumenta indefinidamente, isto é, a cada vida novos pais, novas mães, irmãos, parentes etc., sempre se renovando de novos integrantes?

Resposta: As famílias são grupos de Espíritos que caminham juntos por efeitos da afeição que tem um para com os outros. Nas reencarnações estes retornam ocupando diferentes papéis. Ora na condição de pai, de mãe, de um amigo próximo, de um irmão, como homem, como mulher, enfim. Os espíritos são os mesmos, os corpos é que se renovam.

Item 21. Vejamos agora as consequências...
Pergunta: Sem a reencarnação, o que poderíamos dizer sobre a força e origem dos laços de família?

Resposta: Inicialmente, "o pai seria estranho a seu filho" e esta relação teria a fragilidade e a finitude da matéria, haja vista que os laços materiais se estinguem com o fim da vida corporal. Deus é mais previdente e para a perenidade do amor, estabeleceu a origem dos laços no espírito. Assim, os sentimentos sobrevivem às vicissitudes durante a vida física e toda transformação que a morte do corpo pode provocar.

Item 22. Isto quanto ao passado...
Pergunta: O que se esperaria dos laços de família, quanto ao futuro, se não houvesse a reencarnação e a evolução?

Resposta: Após a vida física, segundo a doutrina das penas eternas, a situação do espírito estaria irrevogavelmente determinada. Assim, os familiares que fossem para o céu e para o inferno estariam separados para sempre. Os felizes do céu estariam em paz sabendo que os que amam sofrem eternamente? É um egoísmo que não combina com os corações bons, segundo a lei de Deus. Com a lei de evolução (progresso), embora o mau proceder na vida física determine uma condição infeliz na erraticidade, há sempre, para o Espírito, a esperança de recomeçar para refazer e reparar, de modo a poder fruir um dia da paz e da felicidade puras.

Item 23. Em resumo, quatro alternativas...
Pergunta: Como a lei de progresso (de evolução) e da reencarnação é a única ideia que consegue harmonizar o amor e a justiça divinas fortalecendo os laços de família?

Resposta: Somente poderá haver a continuidade dos laços de família, com a convivência entre os espíritos qualquer que seja o lugar. A chance de progredir moralmente é o meio de depurar os sentimentos e, assim, fortalecê-los. Por isso, é que "com a pluralidade das existências, inseparável da progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família".

Item 24. Quais os limites da encarnação?
Pergunta: Há diferenças nas encarnações em mundo mais adiantados em relação ao que se dá na Terra, quanto a matéria que revestirá o espírito?

Resposta: Sim, porquanto a medida que evoluem os espíritos e os mundos, a matéria, como a conhecemos na Terra torna-se mais sútil de modo que, em mundos mais adiantados chega a quase se confundir com o perispírito.

Item 25. É um castigo a encarnação...
Pergunta: Em que sentido a encarnação poderia ser entendida como um castigo, se é que essa palavra pode ser aplicada?

Resposta: Explica São Luiz que a encarnação é uma necessidade, pois, que Deus estabeleceu para que, através de uma ação na matéria, cumprisse o exercício da inteligência e da bondade. Alguns aproveitam bem a chance desenvolvendo-se moralmente. Outros acabamos por demorar, pelo mau uso da liberdade, adiando o aprendizado. No sentido posto, o castigo, como a prolongação do tempo sofrendo as vicissitudes na matéria, portanto, se dá não no sentido punitivo vindo diretamente de Deus, mas por escolha e ação do próprio espírito que prolonga sua necessidade de estar reencarnando.

Item 26. Nota: uma comparação vulgar...
Pergunta: Se uns prolongam sua necessidade de encarnar, seria possível para outros progredir rapidamente e pular alguns degraus, de modo a ir diretamente a mundos superiores?

Resposta: Kardec afirma positivamente a esta questão quando comenta sobre "aquele que, ao contrário, trabalha ativamente pelo seu progresso moral, além de abreviar o tempo da encarnação material, pode também transpor de uma só vez os degraus intermédios que o separam dos mundos superiores".